Difundir sua arte é a missão
principal de todo praticante de capoeira, seja a capoeira angola, regional ou contemporânea,
com responsabilidade e respeito a história do passado projetando para o futuro,
como Sankofa, simbologia africana que representa esse dialogo entre o passado e
o futuro.
É verdade que enfrentamos uma
serie de dificuldades quando estamos fora do Brasil, uma delas e talvez a
primeira é a língua, em seguida a cultura e costumes a escuridão, o frio etc ...
essas são algumas das barreiras que eu brasileiro tenho rompido a cada dia morando
na Finlândia.
Mas, apesar dessas barreiras, se
olharmos por cima dela veremos um horizonte muito interessante de aprendizados
sobre resistência, força e fé, e a capoeira é nossa força ancestral que nos
conecta com nossos antepassados, mas nos mostra que precisamos pensar e
caminhar para frente.
Certa vez o Mestre Ulisses Cangaia
falou “a capoeira não foi criada pelo homem, ela surgiu como a natureza” pensando
sobre essa frase eu posso acrescentar que se a capoeira é algo tão forte ao
ponto de ser comparada a natureza, então a capoeira é uma criação de Deus.
Então sua preservação, seus
fundamentos e suas tradições tem que ser preservada com responsabilidade, pois
somos instrumento de algo maior que nós e a capoeira é nosso instrumento
educador, que fortalece o corpo a mente e o coração.
Sentamos em círculo, tocamos
instrumentos, cantamos músicas entramos em conexão com a arte de cultura negra
afro-brasileira que não se fecha para novidades, que em seu tempo acompanha e
se adapta ao que de novo possa existir.
Assim aprendemos com a capoeira,
que já passou pela senzala e hoje ganhou o mundo a atualizar-se junto com novas
tecnologias, que educa e comunica a povos através do poder da música, da
história, resistência e resiliência de um povo que aprendeu a se erguer na dor.
Assim eu começo um pequeno
projeto de capoeira em um bairro onde tem muitos imigrantes, bairro que por um
tempo foi estigmatizado como “periferia”, mas que hoje é uma pequena comunidade
com seu comercio próprio.
O bairro de Varissuo na cidade de
Turku é um lugar que tenho aprendido sobre outras resistências, observo que
moram em um mesmo bairro povos de lugares diferentes, inclusive brasileiros e
que existe uma energia diferente nesse lugar.
A capoeira tem muito a ensinar e
eu tenho muito a aprender com o projeto de capoeira em Varissuo, ensinando o
que conheço, mas aberto a novos aprendizados, olhando para o futuro, mas
colhendo do passado com minhas experiencias, voltando para pegar o que deixei
para traz como sankofa.
C.Mestre Denis Angola – Centro de Capoeira Lua de São Jorge – Brasil/Finlândia, projeto em parceria com Yhdessä-yhdistys no bairro de Varissuo na cidade de Turku/Finlandia.
Salve a Capoeira...
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